Por Amanda Secco

“Sabe uma imagem que representa bem a indústria de produtos animais? Uma grande engrenagem. Uma máquina movida à degradação ambiental, doenças, exploração animal e muita ganância”, esta é uma das falas do ator Eduardo Pires no filme A Engrenagem (Instituto Nina Rosa, 2012). Assim como no vídeo, isto é o que ele procura fazer com o seu estilo de vida e com sua exposição nas mídias: motivar que as pessoas repensem o próprio consumo. “Não sei se as pessoas passam a fazer o mesmo do que eu, mas, pelo menos, estimula que pensem sobre isso”, reflete o ator, que é vegetariano há dois anos.

O ator Eduardo Pires participou do projeto “Calendário Veg 2013” (Foto: Fabio Stachi)

Recentemente mais conhecido pelo papel na novela Rebelde (Rede Record), ele tem levantado com frequência a bandeira dos animais, em campanhas como a Segunda Sem Carne, idealizada pela Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com a prefeitura de São Paulo, e o Calendário Veg 2013, projeto dos fotógrafos Rachel Siqueira, Fabio Stachi e Patrícia Costa, que reuniu fotos de celebridades vegetarianas em prol da causa animal.

Um estalo

O cenário era uma casa de veraneio e Eduardo assistia a um vídeo de uma palestra sobre o poder da mente. Foi aí que ele ouviu que o homem do terceiro milênio não comeria mais animais. “Na hora, tinha um cachorro na frente da casa. Eu lembrei de quando eu era pequeno e da relação que eu tinha com os animais. Naquele momento, não fazia mais o menor sentido eu comer carne. Decidi que seria vegetariano”, relembra.

Desse estalo em diante, Eduardo começou a trazer o assunto para as pessoas à sua volta. Até que uma conhecida lhe indicou o documentário A Carne É Fraca, produzido pelo Instituto Nina Rosa. “O filme me mostrou que eu estava no caminho certo e me fez ampliar ainda mais o pensamento”, diz.

A intenção de Eduardo Pires é chamar atenção para a causa animal (Foto: Guga Millet)

Para ele, as descobertas sobre a exploração animal deram às suas atitudes uma nova dimensão. Hoje, ele garante se aproximar cada vez de um estilo de vida totalmente livre de produtos de origem animal, não consumindo tecidos como o couro ou alimentos, como ovos, leite e mel.

Divulgação “boca a boca”

Assim que virou vegetariano, Eduardo conta que se tornou muito radical. “Eu ficava pregando isso. Depois, entendi que não é por aí que a banda toca”, admite. Hoje, a tática adotada para divulgar o tema é deixar seu próprio estilo de vida em evidência e satisfazer a curiosidade das pessoas sobre o ato de não comer carne. “Quando me questionam o porquê da minha atitude, explico, sem tentar catequizar”, relata. “Eu já vi que não tem como bater de frente. Isto causa raiva nas pessoas e elas não vão querer te ouvir. Vou pelo exemplo, pelo amor, fazendo a minha parte.”

Sua esposa, a também atriz Cynthia Reis, ainda não aderiu ao estilo de vida vegetariano. Mas, segundo ele, o consumo de produtos de origem animal dela está cada vez menor. “Sinto que ela está começando a entender que não é preciso comer carne”, revela. Além de contratado pela Rede Record, é com Cynthia, que Eduardo realiza seus atuais projetos profissionais, como na atuação de Talvez Uma História de Amor, encenação baseada na obra do escritor francês Martin Page, que esteve em cartaz até o dia 15 de setembro de 2013.

Decifrando a engrenagem

Depois de assistir a A Carne É Fraca, Eduardo se interessou pelo trabalho do Instituto Nina Rosa e entrou em contato para relatar a intenção de literalmente vestir a camisa da ONG. Após esta parceria, surgiu a proposta de narrar o curta-metragem A Engrenagem, junto à apresentadora Ellen Jabour.

Um dos trabalhos que dá mais orgulho a Eduardo Pires é o documentário “A Engrenagem” (Foto: Instituto Nina Rosa)

A ideia era abordar de maneira didática os impactos da indústria das carnes e de outros derivados animais no meio ambiente, na saúde humana e na vida dos bichos. “Este trabalho me dá muito orgulho. Foi uma contribuição prazerosa em prol dos animais”, afirma. “As pessoas não conseguem dimensionar o peso real que isso tem. É muito encrustada a ideia de que os animais e a natureza estão aqui pra nos servir. É este tipo de pensamento que está levando o planeta à destruição”, constata. E é por isso, que ele segue aproveitando sua visibilidade para defender seu ponto de vista. “Querendo ou não, acabo sendo formador de opinião. Então, que seja uma opinião consciente”, finaliza.