Autor: Amanda Secco –

 

Dois estudos científicos inéditos realizados na Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, apontaram que os males da carne vermelha e dos ovos para o coração podem ir além das gorduras e do colesterol. Um deles, publicado pela revista Nature Medicine, uma das mais respeitadas da área, diz respeito à carnitina, um nutriente presente na carne. A pesquisa sugere que quando este composto é processado por uma bactéria do intestino, transforma-se em uma substância chamada óxido de trimetilamina (OTMA), que pode aumentar o risco de aterosclerose (acúmulo de placas gordurosas nas artérias) e, consequentemente, de infartos e derrames.
 

Um dos procedimentos usados foi isolar a carnitina e oferecê-la a 77 voluntários, sendo 26 deles vegetarianos ou veganos. Descobriu-se que os veganos e vegetarianos produziram muito menos OTMA do que os outros 51 consumidores habituais da carne. As análises mostraram que vegetarianos possuem um trato intestinal diferente. Para Stanley Hazen, autor líder da pesquisa, isto indica que uma dieta que inclui a carne regularmente pode encorajar o crescimento da bactéria que transforma a carnitina em OTMA.
 

Já o outro estudo, publicado no New England Journal of Medicine, refere-se à substância lecitina, abundante na gema do ovo. Os cientistas pediram que cada voluntário participante da pesquisa consumisse dois ovos cozidos. Descobriu-se, então, que quando a lecitina é processada pelo intestino, produz efeitos muito similares aos da carnitina: aumenta os níveis de OTMA e consequentemente o risco de doenças do coração.
 

Além destes dois estudos, os autores da pesquisa acompanharam por três anos quatro mil pacientes, relacionando os níveis de OTMA do sangue aos resultados de seus exames cardíacos. E, novamente, observou-se: quanto mais OTMA, mais riscos para o coração.

 

Esse trecho foi retirado da Revista dos Vegetarianos, seção Viva em harmonia, edição 79.