Autora do livroEu falo, tu falas… eles falam”, a veterinária Sheila Waligora realiza cursos em que ensina a comunicação intuitiva com os animais.

veterinaria-sheila-waligora1– Revista dos Vegetarianos: Qual é a base da comunicação intuitiva com animais? Como ela é feita?
Sheila Waligora: A base da comunicação intuitiva com animais é a telepatia. A palavra telepatia tem origem grega: “tele” refere-se à distância e “pathos” refere-se à sentimento. Dessa forma, a comunicação telepática envolve a habilidade de transmitir sentimentos, mensagens e ideias à distância. Mas, acima de tudo, a telepatia é uma conexão, uma ligação direta com a essência de um ser vivo. Também podemos acessar a capacidade de comunicação telepática aprendendo a usar os nossos cinco sentidos de forma expandida, que é o que ensino nos cursos.

– Você diria que a comunicação entre espécies necessita de mais técnica, de mais intuição ou de uma mistura das duas coisas?
É uma mistura das duas coisas. Todos nascemos com intuição, mas no nosso desenvolvimento vamos deixando ela de lado e reforçando o aspecto mental. Se a pessoa aprende a confiar em sua intuição e começa a usá-la para a comunicação com os animais, o caminho está aberto.

– Por que é importante conseguir fazer essa comunicação?
Porque a comunicação intuitiva com os animais é a manifestação da nossa reconexão com os reinos da natureza, uma conexão que nós tínhamos originalmente. Nas tradições ancestrais, os seres humanos tinham a capacidade de se comunicar com todos os seres, de viver em harmonia, respeitando todas as espécies. A nossa espécie humana atual necessita urgentemente reconectar-se com a sua própria natureza, isto é, com toda a natureza à sua volta, já que tudo é uma coisa só. É um conceito “holístico” no sentido em que eu não posso estar bem e ser feliz, se existem seres sendo maltratados e desrespeitados, sejam quais forem estes seres.

Nós já comprovamos cientificamente que tudo o que acontece para um ser vivo repercute para todos os demais. Sendo assim, como podemos continuar tão desconectados? Por exemplo, como podemos continuar fazendo experimentos científicos que envolvem mutilar animais e mantê-los engaiolados desde o nascimento até a morte? Como podemos manter animais em zoológicos? Como podemos ser tão insensíveis a ponto de abater animais para consumo humano, na frente de outros animais que estão vendo a matança? Como podemos criar animais engaiolados toda uma vida, com a desculpa de produzir alimentos, sendo que a real motivação é apenas lucro? O ser humano está anestesiado, perdeu a sensibilidade, não consegue perceber a conexão entre todas as formas de vida e esta é a importância da comunicação intuitiva: voltar a viver a partir do coração em união com a mente.

Então resumindo: é importante porque existe muito desrespeito em relação à natureza em geral e desrespeito na exploração dos recursos naturais de forma indiscriminada. A comunicação intuitiva leva ao despertar de um tipo de sensibilidade que está adormecida em grande parte dos seres humanos. Ao desenvolver a intuição, os canais de comunicação intuitivos se abrem e o ser humano torna-se mais sensível e mais compassivo em relação às outras espécies. Consequentemente, ele se torna incapaz de cometer as crueldades que comete atualmente.

Por outro lado, os animais estão totalmente abertos para receber a nossa comunicação. Basta fazermos a nossa parte.

– A comunicação com os animais é um diálogo ou um monólogo em que só eles transmitem algo, mas não recebem nada?
Os animais são capazes de nos entender. Somos nós que precisamos aprender a nos comunicar com eles de forma adequada. Nos cursos, explico que assim como nem sempre um ser humano está disponível para conversar com você, não é porque você resolve se comunicar com um animal que ele vai te responder imediatamente. Mas isso não significa que ele não te ouviu ou não te entendeu! Há inúmeras provas disso em todo o mundo. Provas de comunicações bem-sucedidas, questões que antes eram insolúveis sendo solucionadas, simplesmente com a comunicação. E a comunicação com os animais é um diálogo. Não é um monólogo. Nós transmitimos mensagens a eles, eles recebem e vice-versa.

veterinaria-sheila-waligora2– RV: Como a gente sabe que a comunicação está dando certo? Você pode me dar um exemplo de um caso real?

Sabemos que está dando certo quando a questão que chegou até nós para ser comunicada se resolve. Há vários exemplos. No meu livro, dou o exemplo de um elefante na África que não queria, não reconhecia o banco que fizemos para ele ter mais conforto, mas entendeu isso na hora em que comuniquei a ele. Tem a história do meu gato que sempre caçou passarinhos e que quando chegou aqui em casa comuniquei a ele que não precisava mais caçar e ele parou. Há inúmeros exemplos de clientes que conseguiram resolver questões insolúveis. Animais que tinham um comportamento que o ser humano não entendia e mudaram de comportamento imediatamente. E o humano passou a ter uma comunicação muito mais próxima e efetiva com seu animal.

– É possível se comunicar com qualquer espécie de animal ou existem limitações?
É possível se comunicar com qualquer espécie. Mas, às vezes, as pessoas podem encontrar dificuldade com uma determinada espécie.

– Qual a primeira dica que você daria para quem quer tentar se comunicar com o próprio bicho de estimação?
A primeira dica é que a pessoa começasse a praticar de 5 a 10 minutos de quietude por dia. Simplesmente recolhe-se e fica quieta, sem fazer coisa alguma. Prestar atenção na respiração e perceber o que está acontecendo dentro de si. Começar a silenciar e a fazer um contato com o seu ser interior, passar a se conhecer melhor. A seguir, recomendo leituras e, claro, que venha fazer meu curso, ou de qualquer outro comunicador que ela encontre e com o qual sinta alguma afinidade. No curso que ofereço, nível 1, a pessoa já aprende de maneira prática qual é a maneira correta de fazer e desenvolver essa conexão com os animais.

– Você acha que o fato de não se alimentar com carnes abre canais no cérebro da pessoa, deixando-a mais sensível à comunicação entre espécies ou não necessariamente? É mais a vida corrida, na cidade, longe da natureza, que nos fez perder essa sensibilidade?
Pela medicina ayurvédica, que é a medicina mais antiga do mundo, sabe-se que existem alimentos que facilitam a nossa conexão interna, o desenvolvimento da nossa intuição e da prática da meditação. Esses são os alimentos classificados como sattvicos: castanhas, legumes, verduras e grãos. Eu acredito que uma alimentação mais pura ajuda na abertura dos canais de comunicação, colaborando para a pessoa ser mais pacífica. Entretanto, a vida corrida na cidade, sem contato com a natureza, nos faz perder um pouco dessa sensibilidade nata.

Entretanto, uma pessoa pode viver na cidade, ter uma vida ativa e, se ela praticar meditação, silêncio, atividade física, ter uma alimentação saudável e equilibrada para o desenvolvimento da sensibilidade, ela vai desenvolver os seus canais da mesma forma que uma pessoa que vive na natureza. Nas cidades existem os parques e a possibilidade de estar em contato com a natureza da mesma forma que uma pessoa que vive no campo. Basta a pessoa se organizar para ter esse contato. Sou vegana e a maior parte da minha alimentação é crudívora. Entretanto, faço um constante trabalho de pesquisa com a alimentação e busco escutar quais são as necessidades do meu corpo durante as diferentes estações da minha vida.

– Alguma vez na história era normal o homem se comunicar com os animais?
Muitas vezes na história foi normal o homem se comunicar com animais. Era um contato respeitoso e harmônico com os demais seres da natureza. Não só no reino animal, mas também no reino vegetal e no reino mineral, isto é, com toda a natureza. O ser humano vivia em contato muito mais harmônico com a natureza.

Para mais informações sobre o trabalho de Sheila, acesse o site: www.entreespecies.com.br